Navegadores da mente. . .

Wundt

1879 é a data de fundação da Psicologia como ciência. É nesse ano que Wilhelm Wundt, fisiólogo alemão da Universidade de Leipzig, funda o primeiro laboratório de Psicologia. Inspirando-se na sua experiência como fisiólogo, Wundt declarou que a Psicologia se tornaria uma ciência credível na condição de seguir o modelo da Física e da Química.
 

Objecto da investigação psicológica?

    A consciência, a experiência consciente. Wundt acreditava que os processos ou experiências mentais podem ser decompostos nos seus elementos básicos, do mesmo modo que os químicos tinham decomposto a água nos seus elementos básicos (hidrogénio e oxigénio) descobrindo a sua estrutura (H2O). Por outras palavras, o objectivo de Wundt era o de identificar a estrutura das nossas experiências conscientes. Essa estrutura seria descoberta ao identificar as unidades básicas da consciência (sensações, sentimentos e imagens) e o modo como se combinam.

Exemplificando:

    Quando temos a percepção de um cacho de uvas, combinamos uma sensação física (o que vemos) com sentimentos (gostar ou não de uvas) e imagens (recordações de outros cachos de uvas). Os estados de consciência, por mais complexos que possam ser (caso do pensamento abstracto), podem ser reduzidos a estes elementos simples e resultam da sua combinação.
Para descobrir os elementos básicos -os átomos, diriam os físicos- Wundt recorria a uma técnica que está na origem do chamado método introspectivo. A introspecção consistia na descrição e análise, por parte de uma pessoa, das sensações e sentimentos que experimentava em resposta a determinados estímulos.

    A experiência consciente só pode ser observada pela pessoa que a vive. Por isso, a técnica a adoptar seria necessariamente a auto-observação ou introspecção. Os estudantes que acompanhavam Wundt no seu laboratório de Psicologia em Leipzig foram intensamente treinados e, segundo rumores da época, diz-se que tinham de realizar 10 000 experiências práticas de introspecção antes de as suas exposições ou relatórios serem validados. Mas não se limitaram a analisar-se a si mesmos. Wundt e os seus estudantes, com extrema dedicação e rigor, desenvolveram uma investigação experimental baseada na ideia de apresentar estímulos externos (essencialmente visuais e auditivos) aos participantes nas suas experiências. Estes relatavam verbalmente os estados de consciência resultantes, isto é, os processos mentais por que passavam.

    Por exemplo, dando como estímulo os sons de um instrumento musical, Wundt e os seus colaboradores registavam as percepções e sentimentos que ele provocava: que ritmos eram mais agradáveis? Que tipo de ritmos excitavam e relaxavam? As reacções dos participantes na experiência eram anotadas minuciosamente, incluindo o ritmo cardíaco e respiratório. Embora estes procedimentos nos possam parecer, hoje em dia, ingénuos e irrelevantes, a eles devemos a introdução da experimentação em Psicologia, condição essencial para passar a merecer o título de ciência.
    Com base em múltiplas experiências, Wundt concluiu que os elementos ou unidades básicas da consciência (sensações, sentimentos e imagens) se combinam de tal modo que os fenómenos psíquicos (ou processos mentais) são a associação e não a simples soma desses dados elementares. Por outras palavras, a mente humana é uma estrutura, um conjunto organizado de elementos básicos. Por isso mesmo, a doutrina de Wundt é conhecida pelo nome de estruturalismo ou associacionismo.

    Para Wundt o objecto da Psicologia era o estudo da consciência e dos processos mentais. A doutrina de Wundt, desenvolvida e completada pelos seus discípulos, ficou conhecida pelo nome de estruturalismo (designação criada pelo seu mais ardente defensor, o americano Edward Titchener) e considerava possível descobrir a estrutura dos processos mentais mediante um método analítico denominado introspecção.

 

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